terça-feira, 15 de janeiro de 2013


Me sinto quente e frio.

Quero mergulhar em angústia, desculpe
Se minhas desculpas não foram suficientes, chego
A pensar se as hipotéticas escolhas me levaram
A mesma desgastante situação. Não
Me permitirei angustiá-la da mesma forma, foi
E sempre será você a prioridade, mesmo
Que a correnteza me refresque... fogo, abranda-me!

Quando, desprevinido, convido minhas dores a dançarem, mas
Não sem antes um alongamento. Acabo
Vivendo cada segundo como um último. Espero
Ansiosamente pelo arrastar brusco do relógio, pela próxima dança.
Ruim seria estar ciente de que não haverá fim. Felizmente
A música não para.

Conceda-me a honra desta dança.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Sobre Algumas Paradas


Acelera e enlouquece!

Faz pensar que o pior já passou
Que o melhor lugar é, para o resto, dispersão.

Não, ainda não.
Ainda é tempo se sofrer e de bater
E se debater por simples impulso,
A cada pulso correspondente ao teu.
Vívido e incontrolável dada determinada eloquência
Das noites intermináveis de intermitentes batidas loucas e desenfreadas e ofegantes e...

Ah, a surpresa. Desespero.
O mundo parece mais veloz e calmo e nada faz sentido,
Ou nunca fez,
Ou nunca fará.
Ou quem sabe já o fez e se cansou do serviço pesado?

E então se fosse possível caber em frações de tempo menores,
Sobraria espaço para esse tal... sentido.

Mas não querendo interromper, já interrompendo,

Penso que uma ou outra descarga de essência não faria tão mal assim.

- O que acha?
-Não acho nada!

E, assim, o normal vem novamente à tona, como se nada tivesse realmente acontecido,
Mas que de fato aconteceu, como um feixe de luz,
Que, no mesmo instante em que se apresenta aos presentes, se ausenta
E nos limita a fria escuridão.
E nos desliga.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

O Disco Arranhado

Como se não bastasse a ausência demasiado presente de papéis verdes
Que silenciam gostos, sabores e experiências, deixando restar-lhe sonhos como tais
Verdes dominantes em quase tudo em que se pode tocar, exceto o mais verde dos verdes,
Ânsia de loucura torna-se brincadeira de criança. Esconder-se de seus decrépitos desejos porcos
Há muito foi seu passatempo. Insensíveis segundos estraçalham suas gotículas de esperança,
Feitos ratos vindos de espaços indubitavelmente infernais.

"Ajuda-me, quem quer que sejas!"

Em meio ao cravar a cega lâmina de sua enxada em terra defunta, ouve-se um tinir:
São ferros se encontrando, como beijos carregados de eletricidade, se bicando e se despedindo

"Terá eu encontrado meus queridos sonhos verdes?" Debruçou-se em tolice. Esqueceu de se sustentar
E caiu de joelhos, libertando seu leve peso e substituindo o espaço incrivelmente finito de fé.

Enterrou suas unhas pretas e seus dedos secos e suas mãos ásperas e seus vãos niqueis psicológicos
Apostando tudo o que não tinha, pois o que tinha valia menos que nada. E cheio de si, berrou,
Com aquele objeto ovalado, de tempos em tempos estados físicos diferentes, de cor esbranquiçada
Pelo ignorante desgraçado em questão:

"Se bem me recordo, de outrora em diante, sou rico de verdes!" E daquele momento
Até alguns minutos futuros, amou aquele objeto como se fosse seu filho recém nascido, filho da terra.
A partir de então não se ouvia mais falar de nada a não ser o recém chegado hóspede.
E o desejo de lhe ter por perto era grandioso, estrondoso a ponto de querer se isolar de tudo e todos
E só ter abrir os míopes para seu hóspede.

Mas, a infindável passagem das horas traz à tona o que já era de se esperar: coisíssima nenhuma.

"Semanas corridas sem nenhuma luz! Quão mentiroso é você, meu querido verde?!" Pronunciou
Em baixa voz.

A atração foi se tornando fraca à medida em que seu alimento foi se tornando escasso. O verde seca
Se tornando cada vez mais acinzentado e empoeirado. A rotina debilita fisicamente o pobre rapaz
Assim como seu agourento amuleto. Preso no interior de uma gaveta, perdeu totalmente sua rigidez.

Juventude farta se esvaia.
"Maldita seja tal coisa! Como pode ser cabível de tanta desgraça, um verde tão pequeno?!" Questionou
Sem esperar resposta alguma.

Da terra veio, e para a terra voltou o temporário inquilino, após alguns ternos e turbulentos meses.
O mesmo despejar oco nos ouvidos que o deu a vida, naquele momento a tirava, regadas com lágrimas
Completamente secas.

"O que há de claro em um lapso de tosca felicidade?" Sussurrou, incrédulo.

Se sentindo incompreendido e incompreensível, se deita na cama e, minutos antes de pegar no sono,
Sorriu.

A mais sincera de todas as expressões já gesticuladas pelo velho. O estalar em suas costas!
O fez gemer de prazer.

Seu amigo retornara, com seus arranhões incuráveis.
De então, até juntos à terra.






terça-feira, 21 de agosto de 2012

O Desconhecido

Dum traço imperfeito se dedica a mais bela das criaturas
Vívidas e vividas de manhãs atordoadas, com sólida certeza de não compreender
O quão imaginável cogita-se a suposição de um coração aberto em rachaduras,
Por assim dizer, e por assim se deliciar com o aroma que se exala do último intervalo da sobra
De um suspiro apaixonado.

Aos e pelos caminhantes de pés tortos, o luxo é contido e subtraído a linha reta e apenas só,
Evitando a todo custo um deslocamento dorsal em um sentido indeterminado pelos próprios pés
E por assim dizer, o sofrimento repugnante e doloroso de mergulhar em cegueiras de um nó
dividido em pouquíssimos instantes - insignificantes se quantificados - por uma continuidade oca
E debilmente perto de um insosso final.

Entre esperas e incertezas certas, teorias vindas dos mais belos contos de fadas, decaem-se
Ao extremo depressivo, que ao saber ser possível tal experiência, cai de um cavalo a relinchar.
Expedições em seu âmago, acidentalmente abertas a sua deslumbrante alma distorcida
Por nunca ter se esvaído qualquer que seja a partícula de um sentimento tendente a inchar

E por assim dizer, sequer ousou ter...

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Estar Estante

Ponho a cabeça no travesseiro.
Ponho meus sonhos num papel.
Meus sonhos, todos eles rabiscados, coloco em em uma estante e esqueço.

Mais tarde, lembro-me de que nem sempre fui desse tamanho.
Ponho minhas medidas num papel.
Minhas medidas, não tão crescentes, coloco em uma estante e esqueço.

De súbito, me apaixono e me embaraço!
Ponho meus embaraços num papel.
Meu primeiro beijo, meio a meio sem jeito, coloco em uma estante... e por aí vai.

Quão irônico pode ser, um instante resquício de vida, numa estante?